Imagem: Pixabay
Ah, o Verão!
Como eram os verões na sua infância?
Que memórias você guarda dele em seu coração?
O que você fazia?
Quais as cores e cheiros te lembram essa estação?
Estamos exatamente no terceiro terço do verão, quase nos despedindo dele.
Quando uma nova estação do ano começa, seja ela qual for, sabemos que teremos 03 meses com essa estação, até que a próxima chegue. E o ciclo do ano siga o seu fluxo.
Mas esses 03 meses não transcorrem todos os dias da mesma maneira!
Podemos dividir o trimestre de uma estação em 03 períodos:
- no 1o terço, estamos nos reacostumando com a estação que acabou de começar (é um período em que vemos traços e aspectos da estação anterior. Há uma transição)
- no 2o terço, podemos observar uma intensificação das caraterísticas gerais da estação
- no 3o terço, já vemos traços da estação subsequente e passaremos por uma nova transição.
Assim, uma estação não é a mesma por todo o tempo em que transcorre!
Nesse exato momento, como está o verão onde você mora? É muito importante observarmos o ambiente onde estamos inseridos, pois cada lugar tem as suas características. E tudo o que acontece na natureza fora de nós pode ser trazido para a criança, seja em casa, na escola ou qualquer outro ambiente educativo.
Assim, a natureza fora de nós criará um dialogo com a natureza dentro de nós e a criança desenvolverá naturalmente um amor e uma proximidade com tudo o que é natural neste planeta.
As histórias, as cantigas, asa brincadeiras sazonais ajudam muito a criar essa conexão íntima com a natureza exterior, especialmente quando revelam imagens e temas ligados à estação vigente.
No nosso Instagram @educarcomhistorias, conversamos muito sobre o verão e como a ÁGUA é uma elemento refrescante e presente nessa estação. Dessa maneira, podemos trazê-la em brincadeiras, cantigas, histórias.
O SOL é outra imagem potente para o verão.
Nas histórias que selecionei hoje, você verá algumas imagens do verão. Mas ressalto que são histórias que podem ser contadas o ano todo.
Ah, e são histórias adequadas para crianças a partir de 03 anos – são curtas, trazem elementos naturais, não exigem uma grande período de concentração (mas já treinam essa habilidade) e podem ser contadas sem restrição.
Também deixarei 02 versinhos, que podem ser declamados, musicados, usados para introduzir um momento especial da rotina da criança ou compor uma roda rítmica.
Espero que goste desse material que selecionei com carinho. Todas as histórias foram adaptadas de um livro da minha infância chamado 365 histórias de encantar – um conto para cada dia do ano, da Editoral Verbo – Verbo Infantil. Adaptei partes dos textos, pois sua linguagem se assemelha ao português de Portugal com ar antigo, da década de 1970. As histórias precisaram ser adequadas ao momento presente e assim o fiz.
Aproveitem!
VERSOS
Gosto da água
Gosto da água dentro da banheira
e em cima dos mosaicos a escorrer;
Gosto da água quando vou à praia
e vejo as ondas verdes a mexer;
Gosto da água quando cai do céu
e depois quando faz poças no chão;
gosto da água com que rego as flores;
e gosto de a beber de Inverno ou Verão,
pois gosto do seu gosto e do frescor;
e gosto também dela quando gela
e brilha como vidro, lisa e dura.
A mangueira
Amanhã
pela manhã
salto da cama
troco o pijama
pelo calção
de tomar banho,
ligo a mangueira
que é do tamanho
de légua e meia,
abro a torneira,
rego o jardim,
e sempre quero
ver se no fim
ao estar molhado
desta maneira
sou obrigado
a ir para a banheira!
HISTÓRIAS
Uma brincadeira nova
Fazia tanto calor que os ursinhos queriam brincar de qualquer coisa diferente mas não sabiam de que.
– Se tivéssemos um tronco de árvore e uma tábua comprida podíamos fazer uma gangorra e brincar nela o dia todo – disse o primeiro.
– E se tivéssemos um cavalinho podíamos ir a galope até a praia, onde está fresco – disse o segundo.
Por sua vez, o terceiro urso declarou:
– Não temos cavalo, nem tronco de árvore, nem tábua comprida. Tudo o que temos é uma tabuinha pequena muito curta e um bocado de corda grossa demais para servir de laço de cowboy. Que faremos com isso?
– Não sei – disse o primeiro ursinho.
– Não sei – disse o segundo.
Mas, de repente, o terceiro teve uma ideia. Deu um salto.
– Podemos fazer um balanço. Cortamos a corda ao meio, atamo-la à tábua que serve de assento e teremos o nosso balanço pronto.
Assim fizeram.
Os três ursinhos prenderam o balanço no ramo de uma árvore e balançaram-se, um de cada vez. Corria um ventinho tão agradável que já nem acharam o dia quente, e divertiram-se tanto que ficaram admirados quando a mãe os chamou para jantar.
Uma folha de couve para cada um
Que calor fazia na plantação de couve onde os coelhinhos andavam para ajudar o pai!
Passavam por entre os canteiros, apanhando os bichinhos que queriam comer as grandes couves redondas e paravam de minuto a minuto para enxugar o suor da testa e abanar-se.
– Ó pai – repetiam eles – não podemos ficar com uma folhinha de couve para cada um de nós, uma só?
– Antes de terminarem o trabalho, não senhor; depois terão todas quantas quiserem.
Por isso, os coelhinhos trabalhavam, paravam, abanavam-se, enxugavam a testa, continuando a reclamar e pedir por sua folhinha de couve até que por fim o pai, que também estava com muito calor, perdeu a paciência e disse:
– Não comam folhas de couve, nem uma pontinha sequer, enquanto não acabarem o trabalho!
– Uma pontinha? – repetiam os coelhinhos. – Não era para comer que nós queríamos as folhas de couve. Era para colocar dentro do chapéu e refrescar a cabeça como faz o vovô.
– Ah, sim! É verdade, ele costuma fazer isso – disse o pai.
Deu a cada um dos coelhinhos uma grande folha para colocarem dentro do chapéu e ele próprio colocou uma maior ainda dentro do seu. E os coelhinhos deixaram de sentir tanto calor. Trabalharam tão depressa, sem parar que, num instante, enxotaram os bichos todos.
– O avô sabe muita coisa! – declarou o pai coelho, cortando uma bela folha de couve, especialmente grande, para a ceia, e outra ainda maior para o avô, que gostava tanto de couves que já tinha comido todas as da sua plantação.
O ursinho molhado
Chovia, chovia, chovia e a chuva caía em pingos grossos sobre o guarda-chuva de Sebastião. No meio do caminho, encharcado, caído numa poça, estava um ursinho de pano de patas para o ar.
Um ursinho de pano, um ursinho castanho e muito triste debaixo daquele dilúvio.
“Poderia levá-lo para casa e enxugá-lo – pensou Sebastião. – Logo ele se sentiria melhor”.
Mas lembrou-se então de que o ursinho não era dele. Por isso, apanhou-o, todo encharcado e foi de porta em porta.
Tocou todas as campainhas da rua, uma por uma. Mas toda a gente lhe respondia:
– Não, esse urso não me pertence. O meu está lá dentro, em cima da minha cama.
Menos numa casa. Nessa, ouvia-se gemer e soluçar, como se algum menino chorasse, por seu ursinho ter desaparecido. E na verdade, quando Sebastião tocou a campainha, responderam-lhe logo que o urso morava realmente ali.
O rapazinho foi-se embora debaixo da chuva que fazia ping, ping em cima do guarda-chuva. A calçada ainda estava encharcada, mas na poça já não havia coisa alguma.
Não, já não havia coisa alguma porque o ursinho molhado, o ursinho castanho, o ursinho triste perdido num dia de chuva, estava agora em casa, quentinho, embrulhado numa toalha felpuda, secando, até que fosse a hora de ir para cama.
Contem muitas histórias!
Em breve, falaremos sobre o Outono!
Abraços fraternos,
Ana Flávia Basso
Gostei muito. Inicei agora aulas de ioga com os mais pequeninos e as histórias são um material de muito riqueza.
Sim, Isabel, as histórias ajudam em diferentes frentes de atuação, pois “falam” com a linguagem imaginativa das crianças. Abraços.
Histórias que além de lindas, trazem a conscientização de fazer o certo e não o duvidoso. Isto auxilia na formação da criança.