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Convidei a Noi não só para escolher uma narrativa para o “Histórias de coração para coração”. Pedi logo que ela escrevesse um artigo, misturando a sua experiência como professora de Maternal e sua formação em nutrição. Assim, teríamos um conteúdo completo para esse período de quarentena, com dicas práticas sobre alimentação, receita e história!
A vida nos dá importantes oportunidades para reavaliar nossas ações e implementar hábitos saudáveis em nossa vida e na vida da nossa família. Conviver com crianças é uma destas preciosas chances!
Neste momento, em que muitas pessoas encontram-se em quarentena voluntária, os pais e as mães ponderam sobre como organizar a rotina e trazer um ambiente mais tranquilo e saudável para seus filhos.
O primeiro ponto a observar é o quanto estamos oferecendo de atenção real à criança. Neste período, mesmo trabalhando em casa e em diversas frentes, é imprescindível que dediquemos um tempo exclusivo para os pequenos.
- brincar com eles
- interagir com sua imaginação ilimitada
- fazer cabanas com lençóis
- contar e ouvir histórias
- cantar cantigas da sua própria infância
- relembrar brincadeiras antigas
- fazer cócegas
- observar o céu em diferentes momentos do dia
- adivinhar os desenhos das nuvens
- plantar
- regar
- inventar um novo brinquedo com os materiais que já possuem em casa…
São inúmeras as possibilidades. O importante é que este momento seja diário e longe dos eletrônicos!
O segundo ponto é oferecer uma rotina para que a criança sinta segurança e tranquilidade:
- dormir cedo para acordar cedo
- fazer as refeições em horário coerente
- dar oportunidade para os pequenos participarem da preparação das refeições e dos afazeres da casa
- levar tranquilidade para o horário próximo ao sono (deixar o ambiente menos iluminado, acender uma vela, tomar um banho aconchegante, perfumar a casa com óleo calmante como camomila, capim limão, desligar os eletrônicos ao menos uma hora antes de dormir!).
Tudo isto traz calor e sensação de pertencimento, quesitos essenciais para fornecer o cuidado que nossas crianças merecem e requerem.
O terceiro ponto é permitir que nossos pequenos acessem uma alimentação saudável. Talvez seja um momento tentador para deixar as crianças se alimentarem com “comidas” ultraprocessadas, mas devemos lembrar que o hábito de ingerir alimentos saudáveis deve ser cultivado desde o início da vida. E é algo diário.
Este hábito torna o organismo mais forte e preparado para se defender de ocasionais infecções. Como nutricionista, uma das primeiras dicas que dou é: ofereça água para as crianças. É muito fácil uma criança se entreter numa brincadeira e esquecer de beber água. Vez ou outra podemos oferecer água ou deixar em um local visível e de fácil acesso para que a própria criança sirva-se. Frutas devem compor a alimentação diária, mas sem exageros e, sempre que possível, de maneira não processada (Preferir sempre a fruta ao suco, por exemplo!).
Por falar em suco, tem um que eu recomendo por ser uma fonte de minerais importantes: o suco verde. Vou deixar uma receita fácil logo abaixo e você poderá variar de acordo com o que tiver em casa.
Por fim, tomar 15 minutinhos de sol revigorará suas energias e trará saúde em todos os sentidos para a família. Lembre-se de sempre respeitar os horários mais propícios (antes das nove da manhã ou após às dezesseis).
No mais, divirta-se com a oportunidade de se reconectar com você e de se conectar com suas preciosidades em forma de gente. Estar com crianças é sempre um presente valioso. Cuidemos de nós para cuidarmos delas com a disposição e vitalidade que elas nos pedem!
Suco verde super simples:
2 folhas de couve
1 cenoura média
Suco de 2 limões pequenos (ou 1 grande)
300 ml de água (pode ser de coco também)
Modo de preparo:
Bater tudo no liquidificar e coar (pode beber com o resíduo, caso queira!)
(Não uso açúcar mas, se preferir, use o mascavo em pequena quantidade).
E você pode variar com a folha que tiver em casa e a fruta também. Fica muito bom com maçã, laranja, acerola, pepino, maracujá, abacaxi…
E agora, uma história que as crianças amam, cheia de magia e encantamento, que você poderá usar para lidar com diferentes comportamentos associados à alimentação.
A Frigideira
(Conto de fadas do Tirol -Áustria, traduzido pela Karin Stasch)
Era uma vez uma pobre menina que vivia nas montanhas e ajudava os fazendeiros a cortar feno nos campos, lá onde era muito íngreme. Isto era um trabalho muito cansativo, mas a menina era muito assídua e gentil, e um dia, em que descansavam do trabalho e comiam seu pão com queijo, ela avistou um anãozinho em frente à parede rochosa que ficava do outro lado. “Com certeza ele também está com fome”, pensou a menina, tirou um naco do seu pão e também de seu queijo e jogou para o anãozinho. Este pegou-os no ar com habilidade e desapareceu.
No dia seguinte, de tardezinha, quando os fazendeiros voltavam de ceifar o feno, a menina avistou o pequeno homenzinho no mesmo lugar, e dessa vez ele lhe acenava para que o seguisse. Foi isso que ela fez e o anãozinho levou-a a uma caverna, onde havia uma frigideira grande, brilhante, de cobre. “O que você acha”, perguntou o anãozinho, “quantas crianças podem ser banhadas aí dentro?” – “Sete, penso eu”, respondeu a menina, “se estiverem sentadas em círculo”. – “Certo, mas para nós ela é muito grande, eu lhe dou de presente”.
A menina agradeceu, pôs a pesada frigideira nas costas e levou-a para casa, onde sua mãe e seus irmãos a esperavam. Puseram um pouco de comida dentro da frigideira para cozinhar – mas vejam só – a porção aumentava cada vez mais, e eles puderam comer até ficarem satisfeitos. Agora não precisariam mais passar fome, pois a frigideira de cobre preparava sempre a quantia suficiente para todos.
A menina cresceu e um belo dia, um jovem fazendeiro casou-se com ela. Logo lhes nasceu um filhinho, depois outro e a cada ano lhes nascia mais um, até que chegaram a ser sete. Ela havia levado a frigideira ao seu novo lar. E a frigideira sempre lhes dava comida suficiente, mesmo quando punham pouco dento dela.
Mas todo mês, quando a lua brilhava cheia e redonda por cima das montanhas, a jovem mãe preparava um alimento bem gostoso na frigideira de cobre e depositava-a na frente da porta.
Logo vinha o anãozinho trazendo outros anõezinhos, homenzinhos e mulherzinhas, que saboreavam aquela refeição e devolviam a frigideira polida e brilhante, que continuou fornecendo alimento para o pai, a mãe e os sete filhos, durante toda a sua vida.
Noi Soul – professora de educação infantil, nutricionista, artista e amante da vida.