Todo mundo já ouviu falar dos irmãos Grimm, né? Ainda mais quem lida com histórias infantis!
Os conhecidos irmãos Grimm, Jacob e Wilhelm, nos deixaram uma obra prima conhecida por Contos maravilhosos infantis e domésticos, sendo o Tomo I publicado em 1812 e o Tomo II, em 1815.
No início do século XIX, os irmãos recolheram histórias da tradição popular e, no tomo I, encontramos uma narrativa intitulada “Tolinho” ou “Bobo”, a depender da tradução.
“Tolinho” é uma narrativa composta por 4 partes, ou melhor, 4 histórias independentes:
I. A pomba branca
II. A rainha das abelhas
III. As três penas
IV. O ganso de ouro
O que é comum às quatro pequenas histórias é uma personagem chamada de “Tolinho” ou de “Bobo”, em geral, o filho mais novo de uma família.
Dessas quatro narrativas, conhecemos mais “As três penas” e “O ganso de ouro”, mas as outras duas também são interessantes!
Compartilho hoje com vocês “A rainha das abelhas” (ou A abelha rainha), KHM 62, para trazer um conto dos irmãos Grimm para essa Semana Especial em homenagem às abelhas.
“A rainha das Abelhas”
(Irmãos Grimm)
Certa vez, onde foi onde não foi, dois filhos de um rei partiram em busca de aventuras. Mas, entregaram-se a uma vida tão desregrada e leviana que nem se lembravam de voltar para casa. O mais moço, a quem chamavam de Bobo, saiu à procura de seus irmãos; quando finalmente os encontrou, começaram a rir-se dele, por pretender, com sua ingenuidade, vencer na vida, quando eles dois, que eram muito inteligentes, nada tinham conseguido.
Juntos, os três puseram-se a caminho e chegaram a um formigueiro. Os dois mais velhos quiseram destruí-lo para se divertir com as formiguinhas a correr, assustadas, procurando salvar os próprios ovos. O Bobo, porém, disse-lhes:
– “Deixem os bichinhos em paz! Não permito que os perturbem!”
Seguiram adiante e chegaram a um lago, onde nadavam muitos, muitos patos. Os dois irmãos quiseram caçar alguns deles para assá-los, mas o Bobo se opôs e disse:
– “Deixem os animais em paz! Não admito que os matem!”
Por fim, chegaram a uma colmeia, presa a uma árvore. Estava tão cheia que o mel escorria pelo tronco abaixo. Os dois mais velhos quiseram logo acender o fogo ao pé da árvore para sufocar as abelhas e tirar o mel. O Bobo, porém, os deteve, dizendo:
– “Deixem os bichinhos em paz! Não permito que os queimem!”
Andaram mais um pouco e chegaram a um castelo onde havia uns quantos cavalos de pedra nas estrebarias, mas nenhuma pessoa se via. Passaram por todas as salas, quando finalmente viram-se diante de uma porta fechada com três cadeados. Nessa porta, havia uma pequena abertura, que permitia espiar para dentro de um quarto. Viram lá dentro um homenzinho grisalho, sentado diante de uma mesa.
Eles o chamaram uma, duas vezes, mas o homenzinho não os ouvia. Quando gritaram pela terceira vez, ele se levantou, abriu os cadeados e saiu. Sem pronunciar uma só palavra, levou-os a uma mesa fartamente servida e, depois de terem comido e bebido, conduziu cada um deles a um quarto de dormir.
Na manhã seguinte, o homenzinho grisalho chegou-se para o mais velho, acenou chamando-o e o guiou até uma lousa de pedra, onde estavam escritas as três tarefas que poderiam desencantar o castelo.
A primeira dizia que no bosque, debaixo do musgo, estavam as mil pérolas da filha do rei. Era preciso recolhê-las todas, antes do pôr-do-sol. Se faltasse uma só, aquele que as havia procurado se converteria em pedra. O mais velho saiu e pôs-se a procurar durante o dia inteiro. Como, porém, o dia chegou ao fim e ele tinha achado só cem pérolas, aconteceu o que estava escrito na lousa, e o rapaz se transformou em pedra. No outro dia, o segundo irmão assumiu a tarefa, mas não se saiu melhor que o mais velho. Não encontrou mais do que duzentas pérolas e, por sua vez, foi transformado em pedra.
Por fim chegou a vez do Bobo, que se pôs a procurar. Mas era tão difícil encontrar as pérolas e demorava tanto, que ele se sentou numa pedra e chorou. Nisto, apareceu o rei das formigas, cuja vida ele salvara. Vinha acompanhado de cinco mil formigas. Não demorou muito, e os pequenos animais haviam achado todas as pérolas.
A segunda tarefa era retirar, no fundo do lago, a chave do quarto da princesa. Quando o Bobo chegou ao lago, os patos que certa vez ele havia salvado, aproximaram-se nadando. Mergulharam e, pouco depois, reapareceram trazendo a chave.
A terceira tarefa era a mais difícil: entre as três filhas de rei, que estavam adormecidas, descobrir qual a mais jovem e a mais adorável. Mas as três princesas eram iguaizinhas: não havia a mínima diferença entre elas. Sabia-se apenas que, antes de dormirem, haviam comido, diferentes doces. A mais velha, um torrão de açúcar; a segunda, um pouco de melado; a mais moça, uma colherada de mel. Apareceu então, a rainha das abelhas, que o Bobo havia protegido do fogo, e foi provando da boca de todas três. Por último, pousou nos lábios da que havia comido o mel e o filho do rei pode assim reconhecer a procurada. O feitiço se desfez no mesmo instante, todos despertaram do sono e os que eram pedra voltaram a ser criaturas vivas.
O Bobo se casou com a princesinha mais jovem e adorável e, depois que o pai dela morreu, ele ficou sendo o rei. Seus irmãos casaram-se com as outras duas irmãs.
E se não morreram, vivem felizes até hoje.
História anterior:
O sonho de Tao (China)
Obrigada !
De nada, Eliete! Que bom que gostou. Bjos
Me ajudou com o meu trabalho, obrigada!
Ah, que bom, Mariana! Fico feliz por saber que essa história te ajudou! Abraços
Me ajudou com o meu trabalho!