Com o calor da primavera, passamos a conviver com mais bichinhos, seja dentro de casa ou em ambientes abertos.
Passeamos mais com as crianças e todos nos transformamos em investigadores da natureza!
Formigas, mosquitos, pernilongos, aranhas, lagartixas, joaninhas, tatu-bolas, besouros, libélulas, abelhas… Dependendo da cidade e da região do país, uns ou outros vêm nos visitar e fazer companhia.
As crianças, em geral, sentem atração para conhecer e interagir com esses nossos amigos – se não colocarmos medo e ensinarmos como podemos desenvolver uma convivência amistosa.
Pensando nessa amizade entre crianças e bichinhos, selecionei duas histórias interessantes: uma sobre uma aranha que procura um lugar para fazer a sua teia e outra sobre formigas, que estão sempre em movimentos enigmáticos!
Espero que você goste das narrativas e que elas encantem suas crianças!
Coitadinha da aranha!
Coitadinha da aranha! Teceu a teia na cozinha e a cozinheira colocou-a abaixo com um esfregão.
Teceu outra num cantinho da sala de visitas e a criada esmiuçou-a com o espanador.
Daí passou ao quarto das crianças, ao quarto dos pais, ao quarto de hóspedes. As crianças e depois os pais reduziram a teia a pó. Quanto ao quarto dos hóspedes, a senhora de idade que lá dormia deu uns gritos ao vê-la; um criado veio correndo e furou a teia com a vassoura.
-Oh! – suspirou a pobrezinha da aranha. – Não me querem em parte alguma!
Muito triste, foi atrás do criado na esperança de poder apanhar ainda uma mosca muito gorda presa nos fios da teia que tinham ficado agarrados à vassoura. E atrás dele foi ao pátio e depois à estrebaria.
Ali havia moscas por todo lado. Os cavalos faziam o que podiam para sacudi-las, agitando a cauda e batendo no chão com os cascos, porque as moscas incomodavam-nos muito.
Em dois minutos, a aranha teceu uma teia nova onde vieram cair duas moscas das mais atrevidas.
-Que maravilha! – exclamaram, encantados, os cavalos. – Esteja à vontade, minha senhora. Faça as teias que quiser.
-Combinado – respondeu a aranha, muito contente, sem saber bem o que lhe dava maior alegria: se a abundância de moscas, se o amável convite dos cavalos. E ficou na estrebaria, onde ainda hoje mora.
As formigas
De manhã, Marcos ficava sempre sozinho.
Os irmãos estavam na escola. E os seus amigos crescidos tinham muito o que fazer. Ao encontrarem o Marcos, davam-lhe ‘bom dia’ e logo deixavam-no.
-No ano que vem, já vou para a escola também – dizia Marcos.
Mas “o ano que vem” era dali a muito tempo, ainda.
Às quatro horas, era o momento em que os outros meninos voltavam para casa. Por isso, Marcos foi para a entrada da casa à procura de qualquer coisa com que brincar. Só encontrou ali aquilo que era costume ver: a lenha para a lareira, folhas secas, um balde de ferro.
Nisto, reparou que uma das madeiras estava rachada. No interior dessa fenda, que fazia uma espécie de vale, caminhava um exército de formigas pretas luzidias.
-Bom dia. Fico muito satisfeito por vê-las – disse Marcos, pondo-se de quatro no chão.
As formigas acenaram com as cabeças, como se dissessem a Marcos que também estavam contentes por conhecê-lo. Marcos observou-as. Uma a uma desapareciam por debaixo da madeira donde traziam pesados fardos. Ajudavam-se umas às outras. Afastavam-se para o lado, para não se incomodarem. Desciam, subiam, desciam, subiam, mas não iam embora nunca.
Marcos também não. O espetáculo daquelas formiguinhas prendia-lhe de tal maneira a atenção que, quando a mãe o chamou para comer, ficou pasmado.
A manhã já tinha passado! Depois do almoço era a hora da sesta. Em seguida, os seus amigos viriam brincar com ele.
-Adeus, formigas – disse, levantando-se de um salto. – Até amanhã.
As amigas formigas acenaram com a cabeça sem interromperem o seu constante cortejo. Mas tinham-no percebido muito bem porque no dia seguinte não faltaram ao encontro.