A escolha do tema “Abelhas” para essa Semana Especial, bem na época da primavera, tem muitos motivos…
Vou revelar minhas motivações e preocupações ao longo dos próximos dias. Do dia 18 (4a feira) até 24 de setembro de 2019 (3a feira), compartilharei histórias sobre abelhas, uma por dia.
E nessa Semana Especial dedicada às Abelhas, tem conto tradicional da China, sim!
“O sonho de Tao” é um conto misterioso, que traz à tona uma atmosfera de sonho e nos faz pensar sobre as suas imagens. Nos faz pensar também sobre a importância do papel de cada um na preservação das abelhas. O jovem Tao, da história de hoje, pode ser uma inspiração para que façamos a nossa parte!
Muitas iniciativas individuais e coletivas, em prol das abelhas, estão nos ajudando a conhecer a importância:
- da polinização realizada pelas abelhas (e também de outros insetos),
- da sua relação com a produção de alimentos e com a conservação das florestas,
- de atentarmos para o perigo de desaparecimento das abelhas,
- da escolha de alimentos orgânicos, sem agrotóxicos,
- da diferenciação entre as espécies de abelhas, particularmente das abelhas nativas brasileiras (abelhas sem ferrão).
Vale a pena se informar e fazer algo pelas nossas queridas amigas abelhas. As crianças aprenderão com o nosso exemplo!
Deixo o link de uma inciativa interessante, a Bee or not be?, uma organização de proteção às abelhas: http://www.beeornottobe.com.br/
Ah, e agora, vamos à história!
“O sonho de Tao”
(Tradição Oral – China)
Em uma pequena cidade da China, não muito longe da cidade de Nanquim (Nanjing), vivia um homem jovem, chamado Tao. Embora fosse pobre, ele tinha uma natureza generosa e estava sempre pronto para ajudar o próximo. Ninguém jamais se dirigiu a ele em vão.
Um dia, quando o sol já brilhava bem alto no céu, Tao, que dormia em uma esteira de palha sob a sombra de uma árvore, foi despertado bruscamente por um desconhecido. Surpreso, ele abriu os olhos e viu diante de si um homem vestido de cinza. – “Acorde, Tao”, disse o estranho. “A rainha te espera!” – “A rainha?”, disse Tao. “Mas eu não conheço a rainha!” – “Ela, por sua vez, te conhece”, continuou o homem de cinza, “e ela me enviou para te procurar, com urgência. Venha, siga-me!” – “Mas quem é você, então?”, perguntou Tao ao mensageiro. “Eu nunca te vi!” O desconhecido encolheu os ombros: – “Em que poderia te ajudar saber quem eu sou ou já ter me visto? A rainha precisa de sua ajuda. Você é realmente Tao, aquele que nunca recusa sua ajuda a alguém?” Tao não se atreveu a fazer perguntas. Ele rapidamente dobrou sua esteira de palha e seguiu o estranho. Caminharam por um longo tempo e quando achava estar quase alcançando as últimas casas de aldeia, encontrou diante de si uma cidade imensa. Nela, todas as casas estavam agrupadas, uma junto da outra e tinha uma forma bastante estranha, com a qual ele se sentia vagamente familiarizado. O estranho entrou em uma delas, a maior e mais suntuosa do que as outras. Tao o seguiu. Chegaram a uma sala enorme, onde uma mulher muito bonita estava sentada em um trono majestoso. Ela tinha em sua cabeça um diadema, que cintilava com mil luzes. – “Obrigada por ter vindo”, murmurou ela. “O meu reino corre um grande risco e você é o único que pode salvá-lo”. Tao se curvou em uma profunda reverência. – “Será uma honra para mim, Vossa Majestade”, balbuciou ele. – “Eu vou te apresentar minha filha” continuou a rainha com uma voz suave. Eu considero todos meus súditos como meus próprios filhos, mas eu quero bem à minha filha muito mais do que a mim mesma”. Tao pensou ter ouvido milhares de sinos de ouro e uma jovem igualmente bonita entrou no recinto. Seu rosto estava pálido como o lírio e seus cabelos como azeviche caíam como cascata pelas suas costas. Com um ar infinitamente triste, ela foi sentar-se ao lado da rainha, em uma cadeira de ouro. Assim que ela se instalou, uma senhora da corte entrou, ofegando e gritando: – “O monstro! O monstro!” A rainha levantou-se. – “Veja o infortúnio sobre o qual eu comentei. Eu te suplico, Tao, ajude a minha filha. Ela tem como missão reconstruir uma capital mas, sem você, ela nunca terá sucesso”. Tao, sem hesitar um segundo, tomou a jovem pela mão e, juntos, eles deixaram o palácio em silêncio. Por horas, correram sem ter tempo para recuperar o fôlego. Eles percorreram mil e uma pequenas ruas sinuosas e finalmente chegaram à vila de Tao. Lá, puderam respirar um pouco. |
– “Como está quieto aqui”, suspirou Flor de Lótus, pois assim a jovem princesa era chamada.
– “Estamos longe do perigo agora”, disse Tao.
– “Onde vamos construir a nova capital?”, perguntou a princesa.
– “Uma capital?”, perguntou Tao, que não tinha entendido direito quando a rainha estava conversando com ele em seu palácio. “Mas eu nunca poderei construir uma capital. É impossível! Eu sou apenas um pobre camponês. Não tenho poder, nem dinheiro”.
A princesa olhou para ele e grandes lágrimas rolaram por suas bochechas.
– “Mas você ainda é Tao, aquele que está sempre pronto para ajudar o próximo”, ela gemeu. “Só você pode fazê-lo…”
– “Não, eu…”, ele estava prestes a dizer algo quando acordou.
Ele devia estar dormindo há muito tempo, porque o sol estava agora muito baixo no horizonte. Embora acordado, Tao ainda podia ouvir a voz suplicante de Flor de Lótus, que parecia estar se afastando.
Na verdade, era um enxame de abelhas. Elas pareciam perdidas e giravam em todas as direções ao redor das flores do jardim.
“Pobrezinhas”, pensou Tao. “Elas não têm uma colmeia! Vou fazer uma para elas”.
E foi imediatamente a um carpinteiro.
‘Eu me pergunto de onde vêm todas essas abelhas?’, ele pensou, enquanto via que os insetos estavam aceitando ansiosamente seu novo refúgio.
Então, ele foi passear na vila. Chegou na última casa e descobriu, em um jardim, uma colmeia abandonada.
– “Encontrei abelhas em minha casa”, disse ele ao homem que morava lá. “Elas não são suas?”
– “É possível”, respondeu o homem. “Elas tiveram que fugir”, acrescentou, removendo a tampa da colmeia.
Quando se inclinou para observar, Tao viu uma cobra:
– ‘Oh! O monstro do meu sonho…!’, pensou.
De volta para casa, Tao instalou em seu jardim uma série de belas colmeias. De todos os lados chegaram as abelhas. Elas começaram a procurar suas flores e ofereceram-lhe tanto mel em troca de sua proteção que Tao, o generoso, logo ficou rico.
Que delicadeza’
Olá, Liana! Quando conheci essa narrativa, também a achei delicada e soube que ela abriria a Semana Especial Abelhas! Fico feliz que tenha gostado. Bjo
Bela história! Informando, sensibilizando e formando os pequeninos para a reconstrução e o amor à Mãe Natureza, sem as abelhas não há Vida.
É isso: sem abelhas não há Vida! As crianças precisam cultivar no coração o respeito às abelhas! E, com histórias, isso fica muito mais fácil. Bem melhor do que explicações puramente intelectualizadas. Bjos