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Existem muitas histórias que podem ser contadas nessa época de São de João e das festas juninas. Tem gente que gosta das narrativas que mencionam a vida de São João; ouras pessoas preferem contos que não mencionem santos e aspectos religiosos.

É importante conhecermos vários tipos de histórias, com o coração aberto e deixar que elas toquem o nosso coração. Cada uma tem algo a nos dizer, com certeza e basta ouvi-las.

Mas, quando vamos contá-las às crianças, precisamos selecionar uma narrativa que respeite a idade da criança e seu nível de compreensão e o ambiente social no qual a criança está inserida.

A história abaixo não é para crianças muito pequenas, ela cai bem para crianças a partir de 7 anos em diante. Ainda compartilharei outras narrativas para essa época tão bonita e festiva no nosso país.

E uma boa história pode ser contada antes ou depois de uma atividade gostosa como, por exemplo, decorar a nossa casa para a festa de São João!

Compartilhei um vídeo em que ensino a fazer uma dobradura de balão, para brincar ou enfeitar diferentes ambientes. É uma dobradura que, ao final, precisamos encher para o balão “crescer”. As crianças adoram essa “mágica”! Deixarei o link ao final desse artigo.

O Reino de Luz dos Pássaros

A morada de luz dos pássaros é o céu imenso, para além do arco-íris, onde vivem todos os que têm asas, desde o menor beija-flor até o gigantesco condor. O condor tinha muito prestígio, mas isso, por ter uma filha muito linda. Ele desejava casá-la com um príncipe dos pássaros, mas ela amava a liberdade. Sempre que se aproximavam as noites dos santos de junho, principalmente a noite de São João, ela deixava o palácio paterno e voava em direção à terra. Conhecia uma lagoa entre as árvores de uma floresta, que ficava prateada ao luar.

A princesa dos pássaros voava sempre acompanhada por outros pássaros que deviam lhe servir de proteção. Quando alcançavam a lagoa, banhavam-se em suas águas prateadas pelo tempo em que a lua estivesse no céu. Certo dia, ao crepúsculo, a princesa vestiu-se com o mais belo traje de penas que o rei mandara confeccionar para ela. Era vermelho e tinha asas cor de prata.

Naquele mesmo entardecer, um jovem caçador a caminho de casa, que se atrasara na floresta, chegou à lagoa no instante em que um grupo de aves voava suavemente, em círculos, por sobre as águas que começavam a refletir o brilho prateado da lua. Admirado diante daqueles pássaros nunca dantes vistos, escondeu-se entre os caniços para observar.

Eram doze aves volteando, esvoaçando, girando; a mais bela entre elas, tinha penas vermelhas. Elas pousaram na beira do lago e retiraram suas vestes de penas. Eram agora lindas jovens que foram se banhar no lago.

O caçador não conseguia desviar seus olhos da mais bela entra as belas.

“Esta quero para minha esposa! Esta e nenhuma outra!”, pensou ele. Com todo cuidado alcançou a roupagem vermelha e a puxou para si.

Alguma coisa fez com que as jovens se assustassem. Saíram da água e colocaram as vestimentas de penas, mas a mais bela não encontrou a sua roupagem. Procurou por todos os lados, chorou, mas tudo em vão. As suas acompanhantes, aturdidas, logo levantaram vôo deixando-a sozinha. Vendo-a chorar tão amargamente, o jovem caçador aproximou-se e mostrando-lhe a roupa de penas vermelhas disse-lhe:

 – “Não chore tanto assim!”

– “Dê-me a minha vestimenta”, exclamou a princesa aproximando-se dele. “Dê-me! Eu sou a filha do rei dos pássaros e sem as minhas penas não poderei voltar ao meu reino!”

O caçador permaneceu irredutível. As lamentações todas da princesa não o fizeram mudar de atitude.

– “Meu pai o recompensará regiamente, se você me deixar voar”, sugeriu ela.

Mas, o jovem caçador recusou. Ela teve de acompanhá-lo a casa e tornou-se sua esposa.

Três anos haviam se passado. A princesa dos pássaros se acostumara à Terra e queria muito bem seu companheiro. Ensinou-lhe a distinguir os muitos pássaros entre si, suas cores e ele ensinou-lhe tudo sobre os animais que habitam a floresta.

Por um bom tempo ela parecia feliz, contudo, aos poucos, começou a sentir tristeza, saudade.

– “Que tem você?”, perguntou seu esposo.

– “Ah! Estou pensando em meu pai”.

– “Deseja visitá-lo?”

– “Sim, acompanhada por você”, respondeu ela. E ele concordou.

Passaram então a juntar penas e folhas de árvores. Trabalharam muito. Depois, fizeram duas asas lindas para o homem e ela lhe ensinou a voar, o que não era nada fácil. Ele se exercitava pacientemente até conseguir se elevar do chão. E certa manhã aconteceu: ele sabia voar. Foi então buscar no esconderijo a roupagem vermelha da esposa e entregou a ela. Mal ela vestiu, pegou na mão do marido e juntos levantaram vôo, voando para dentro do céu.

Chegando ao céu dos pássaros, avistaram o palácio do pai dela, o rei dos pássaros, o condor imperial. Em volta do palácio, havia florestas e lagos muito mais bonito do que os da Terra. Logo chegaram a aterrissar no pátio do palácio. O condor de guarda foi avisar o rei. O casal entrou no palácio. O rei estava muito irritado por sua filha ter desposado um ser humano. Ficou pensando em como poderia matar o rapaz para que a filha permanecesse no reino.

– “Quero verificar se você casou com um homem realmente trabalhador”, grasnou ele no dia seguinte. “ Que ele construa um barco para mim. Deverá estar pronto antes do crepúsculo”.

Muito triste, o homem foi para a floresta derrubou uma árvore e começou a escavá-la. Trabalhou o dia todo sem descansar. Mas, quando o sol começou a baixar, a baixar, caiu em desespero. Repentinamente aproximaram-se voando muitos e muitos pardais. Na hora do almoço ele havia repartido com eles o seu pedaço de pão. Agora vinham socorrê-lo. Com seus biquinhos afiados conseguiram ocar a árvore e quando o sol se pôs, o barco estava pronto, com acabamento primoroso.

O rei se aborreceu muito ao ver o barco tão perfeito. Escolheu uma tarefa mais difícil ainda para ser executada no próximo dia. Na manhã do seguinte, conduziu o rapaz para a beira de um lago e disse:

– “Este lago você deverá secar até a hora do sol se pôr! Se não lograr fazê-lo, morrerá!”

Com um balde o homem tirava a água do lago sem ver resultado algum. Preocupado, pensava no seu fim. Foi quando, de repente, fazendo um zunido muito forte, dele se aproximou o povo das libélulas. Antes do sol baixar, o lago estava seco. O rei, de tanta raiva, não sabia o que dizer. “Você terá de cumprir mais uma tarefa, então o aceitarei como genro”, disse ele.

No dia seguinte o rei dos condores conduziu o homem para o centro de uma grande floresta. “Aqui você deverá vencer o inimigo vermelho. Então, será bem-vindo para mim.

O homem procurou pelo inimigo vermelho. Quem seria ele? Ouviu, vindo de todos os lados, um crepitar, um ulular e o estalido de árvores tombando, de galhos quebrando. Fogo! Fogo à volta toda. O rei havia incendiado a floresta.

Como se assustou o pobre homem! Como poderia lutar contra o fogo que tudo estava devorando? No desespero, viu a seus pés uma aranha correndo pelo chão, fugindo. Seguiu-a por uma fresta entre os rochedos e ela entrou numa caverna; dentro da caverna havia muitas aranhas que rapidamente teceram um grande véu na boca da caverna para impedir a entrada da fumaça.

Quando o fogo se extinguiu, o calor havia diminuído, o homem saiu da caverna. Viu sua esposa, a princesa dos pássaros, volteando sobre a floresta queimada, levando consigo as asas do homem. Ele lhe acenou e ela baixou até o solo, amarrou-lhe as asas aos braços e o mais rápido que puderam, alçaram vôo e fugiram do reino dos pássaros.

Chegaram à Terra felizes e felizes viveram. O caçador nunca mais atirou em pássaros, nem caçou libélulas ou pisou em aranhas ou outros pequenos insetos. Cuidou da floresta com desvelo e a floresta se mostrou agradecida.

(Esta é uma história de Felicitas Muche, adaptada por Edith Asbeck)

Tutorial para dobradura de balão:

3 thoughts on “O Reino de Luz dos Pássaros – História para São João

    1. Que bom que gostou, Gil! É uma história linda mesmo. Abraços e um bom São João!

  1. Uma pena a princesa que amava a liberdade ter se casado porque foi aprisionada pelo homem… quando recontar vou criar uma adaptaçao nesta parte da historia! Abraços e
    obrigada por compartilhar.

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