Imagem: Pixabay

 

O Histórias de coração para coração começa hoje com uma pessoa que logo aceitou o meu convite. Veja AQUI como tudo começou.

Trocamos muitas ideias sobre diferentes histórias e só isso já daria um post memorável…

Conversa vai e conversa vem, eu acabei pedindo essa música para ele, para que vocês a conheçam e cantem muito com as crianças, em casa e nas escolas. A música é uma história linda!

Acabou que o próprio Alisson não escolheu algo do coração. Mas sei que ele compôs essa música com o coração e ela encantará vocês!

 

HISTÓRIAS DE ERA UMA VEZ

 

Foi no meu interior que aprendi a gostar de histórias contadas. É lá que guardo as melhores lembranças que levo comigo. Os meus velhos encerando causos e quarando memórias firmaram em mim o olhar de varandas, quintais e janelas. Ao redor da grande mesa aprendi a escutar e a divisar planuras.

Lá na casa deles quem chegasse podia ficar, participar da refeição e até assentar pouso antes de retomar a viagem, para isso bastava ser de boa prosa e camaradagem.
As histórias que canto, muitas vêm desse lugar, mulheres no pilão, na engomagem, no ferro a brasa, na trouxa destinada à fonte; homens na labuta do barro, cubando madeiras, preparando a próxima fornada de entrega… gente que me ensinou a plantar afetos para colher destino.
Herdei histórias de capangas, bruacas e panacuns, meus velhos eram no mínimo um embornal de peripécias. De cada um sei pelo menos dez punhados de aventuras vividas e adornadas. Mas hoje ficarei só com Chica, moça velha, cozinheira, doceira, conselheira, fazedeira de colcha de retalhos que abriu mão de casamento para doar seus cuidados aos irmãos, sobrinhos, parentes e derentes, foi feliz assim, não era de lamentações, como ela dizia, “num atulero libarderise”, tradução: Não tolero libertarismo.

Morávamos na rua da Usina, casas avizinhadas, véa Chica, dividia a mesma casa com dois irmãos, Djalma e Berto. Os três irmãos jamais se abandonaram, no dito popular é o que se conhece como carne e unha. Véi Djalma, Berto, Antônio, Alzira e Quinca eram irmãos de Chica, os outros que aparecem na música eram uma espécie de agregados, amigos inseparáveis de toda a vida. Aonde quer que fossem Djalma, Berto e Chica, também iam Antõe Oleiro, Oscarzinho, Ramirinho e mais um tumbê de gente que não apareceu na música.

Por enquanto é isso, sem mais delongas e sem adentrar nos graus de parentesco devo pontuar que todos da música, por avançada idade já se encantaram, voaram para outra dimensão.
A exceção é o Oleiro que já não amassa o barro.

Que se amasse no pé do pato
e que passe no pé do pinto
O rei manda dizer que depois virão mais cinco.

Inté!

Alisson Menezes

 

Véa Chica (Alisson Menezes)

 

Letra:

Véa Chica no quintal convida

Véa Chica no quintal convida pra brincar

Véa Chica no quintal convida pra brincar um quadrilha

Véa Chica no quintal convida pra brincar uma quadrilha alegre

Véa Chica no quintal convida pra brincar uma quadrilha alegre que foi tão bem feita

Véa Chica no quintal convida pra brincar uma quadrilha alegre que foi tão bem feita pelo seu Antônio

Véa Chica no quintal convida pra brincar uma quadrilha alegre que foi tão bem feita pelo seu Antônio para o véi Djalma

Véa Chica no quintal convida pra brincar uma quadrilha alegre que foi tão bem feita pelo seu Antônio para o véi Djalma que é irmão de Berto

Véa Chica no quintal convida pra brincar uma quadrilha alegre que foi tão bem feita pelo seu Antônio para o véi Djalma que é irmão de Berto que é camaradeiro

Véa Chica no quintal convida pra brincar uma quadrilha alegre que foi tão bem feita pelo seu Antônio para o véi Djalma que é irmão de Berto que é camaradeiro e que é amigo de Antõe oleiro

Véa Chica no quintal convida pra brincar uma quadrilha alegre que foi tão bem feita pelo seu Antônio para o véi Djalma que é irmão de Berto que é camaradeiro e que é amigo de Antõe oleiro que amassa o barro com o Oscarzinho

Véa Chica no quintal convida pra brincar uma quadrilha alegre que foi tão bem feita pelo seu Antônio para o véi Djalma que é irmão de Berto que é camaradeiro e que é amigo de Antõe oleiro que amassa o barro com o Oscarzinho que se viu numa guerra com com o Ramirinho

Véa Chica no quintal convida pra brincar uma quadrilha alegre que foi tão bem feita pelo seu Antônio para o véi Djalma que é irmão de Berto que é camaradeiro e que é amigo de Antõe oleiro que amassa o barro com o oscarzinho que se viu numa guerra com o Ramirinho que chegou mais cedo chamando Alzira

Chamando Alzira para brincar a quadrilha na casa de Quinca

 

Áudio:

 

 

Alisson Menezes, baiano, da cidade de Iguaí, é compositor, arranjador e cantor popular. Com um talento reconhecido e uma carreira consolidada, sua arte bebe no mais profundo diálogo com o universo dos saberes sertanejos (do campo e da cidade). Nos últimos anos, tem se dedicado a pesquisas e apresentações tomando como referência assumida a cultura popular.

Para conhecer mais músicas e seu trabalho impecável:

 

https://www.youtube.com/channel/UC3lgziDKh7BAHO-4zLSc1mw

http://www.deezer.com/artist/8731118

https://open.spotify.com/artist/2nkxxfmgXD5MzlbzAq3wf5?si=t3GJpiG-QBuEeMC3FKZj8Q

 

 

 

 

 

 

 

Histórias de coração para coração 2 – Conto Árabe

4 thoughts on “Histórias de coração para coração 1 – Véa Chica

  1. Um passeio pela memória da nossa criação. Só temos a agradecer por atravéz dos versos, manter viva lembranças que forjaram nosso caráter. Parabéns!!

    1. Ah, Margarida! Os versos são mesmo lindos. Alisson Menezes é um compositor de primeira. Abraços

    1. Olá, Fernando! Que bom que você teve essas vivências, para poder agora recordá-las! Um presente da vida. Abraços

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