Esta é a 1a história da Semana Especial Fadas, uma semana só com histórias que tenham Fadas em seu enredo.
De 21 a 27 de abril, compartilharei uma história por dia com esse tema que encanta e traz um ar de mistério…
Selecionei histórias curtas, médias e longas, para crianças pequenas e maiores, que trazem várias características das fadas. Teremos um pouquinho de tudo, para ampliar o nosso repertório!
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É só o começo dessa semana…
A Fada e a Lebre
Era uma vez, uma jovem lebre, que morava em uma pequena floresta, entre uma montanha, uma aldeia e um rio. Meus filhos, muitas lebres correm pelos campos, mas nenhuma é tão doce quanto esta.
Ela tinha três amigos: um macaco, um chacal e uma fuinha.
Depois dos longos dias de trabalho, procurando por comida, os quatro se reuniam à noite, para conversar e pensar. A bela lebre falava aos seus três companheiros e ensinava-lhes muitas coisas. Eles a ouviam e aprendiam a amar todas as criaturas das florestas. Todos eram muito felizes.
“Meus amigos”, disse a lebre certo dia, “amanhã, vamos fazer um jejum e daremos toda a comida que encontrarmos à primeira pobre criatura que surgir na nossa frente”.
Todos concordaram. No dia seguinte, como todos os dias, saíram de madrugada, em busca de alimento.
O chacal encontrou, em uma casa na aldeia, um pedaço de carne e uma jarra de iogurte, com uma corda amarrada em cada alça. Por três vezes perguntou: “De quem é esta carne? De quem é este iogurte?”, mas a cabana estava vazia. Sem ouvir resposta, o chacal colocou o pedaço de carne na boca e a corda da jarra em torno do pescoço e fugiu para a floresta. Colocando os objetos ao seu lado, pensou: “Que chacal bom eu sou! Amanhã, se ninguém aparecer por aqui, comerei o que encontrei”.
E o que a pequena fuinha encontrou em suas caçadas?
Um pescador havia pescado alguns peixes dourados brilhantes. Depois de escondê-los na areia, voltou ao rio para pescar outro.
A fuinha, entretanto, encontrou o esconderijo e, depois de tirar os peixes dourados da areia, perguntou três vezes: “De quem são esses peixes dourados?”
O pescador, no entanto, só ouvia o barulho do rio, e não houve resposta. Então, a fuinha levou os peixes para sua casinha e pensou: “ Que boa fuinha eu sou! Não comerei esses peixes hoje, mas talvez outro dia”.
Enquanto isso o amigo macaco tinha subido a montanha e, encontrando algumas mangas maduras, levou-as para a floresta e colocou-as debaixo de uma árvore. Pensou: “Que bom macaco eu sou!”
A lebre, entretanto, deitada na floresta, tinha os belos olhos úmidos de tristeza. “O que poderia oferecer a uma pobre criatura que passasse por aqui?”, pensava. “Não posso oferecer capim, e não tenho arroz ou castanhas para doar”.
Repentinamente, porém, pulou de alegria. “Se alguém passar por aqui”, pensou, “darei a mim mesma, como carne, para ser comida”.
Mas na doce pequena floresta morava uma fada com asas de borboleta e longos cabelos de raios de luar. Seu nome era Sakka. Ela sabia tudo que acontecia em seu território. Sabia quando uma pequena formiga roubava de outra. Conhecia os pensamentos de todas as pequenas criaturas, até das pobres florezinhas, esmagadas na grama. E sabia que, naquele dia, quatro amigos não estavam comendo; que qualquer comida que encontrassem dariam a uma pobre criatura.
Assim, Sakka transformou-se em um velho mendigo, encurvado, usando uma bengala.
Primeiro, procurou o chacal e disse: “Caminhei por dias e semanas, e nada tenho para comer. Não tenho forças para procurar comida! Por favor, dê-me algo, ó chacal!”
“Leve este pedaço de carne e esta jarra de iogurte”, disse o chacal. “Roubei-os de uma cabana na aldeia, mas é tudo que tenho para dar”.
“Verei isso mais tarde”, disse o mendigo, e continuou a andar pela sombra da mata.
Então, Sakka encontrou a fuinha e pediu: “O que você tem para me dar, ó pequenina?”
“Leve esses peixes, ó pedinte, e descanse embaixo desta árvore”, respondeu a fuinha.
“Outra hora”, respondeu o mendigo e continuou caminhando. Mais adiante, Sakka encontrou o macaco e disse: “Dê-me suas frutas, por favor. Sou pobre. Estou fraco e com fome”.
“Leve todas as mangas”, disse o macaco. “Colhi-as para você”.
“Outra hora”, respondeu o mendigo, e foi-se.
Então, Sakka encontrou a lebre e disse: “Doce criatura das matas úmidas, diga-me, onde posso encontrar comida? Estou perdido na floresta e longe de casa”.
“Darei a mim mesma”, respondeu a lebre. “Junte gravetos e faça um fogo. Pularei nas chamas e você, então, terá a carne de uma pequena lebre para comer”.
Sakka fez com que chamas mágicas nascessem de algumas toras de madeira. Cheia de alegria, a lebre pulou no fogo luminoso. As chamas, entretanto, eram frescas como água, e não queimaram sua pele.
“Por que”, perguntou a lebre a Sakka, “não sinto as chamas? As labaredas são tão frescas quanto o orvalho da madrugada”. Sakka, então, voltou à sua forma de fada e falou à lebre, na voz mais doce que jamais se ouviu.
“Querida”, disse ela, “sou a fada Sakka. Este fogo não é real, é apenas um teste. A doçura de seu coração, ó abençoada, será conhecida em todo o mundo, durante eras”.
Assim dizendo, Sakka tocou em uma montanha com sua varinha. Com a essência que jorrou, ela desenhou um retrato da lebre sobre a superfície da Lua.
No dia seguinte, a lebre encontrou seus amigos novamente, e todas as criaturas da floresta reuniram-se em torno deles. A lebre contou tudo que lhe acontecera, e eles celebraram. E todos viveram felizes para sempre.
Fonte: Contos Jataka https://odysseuslojas.com.br/contos-jataka
Autora: Noor Inayat Khan
Ilustradora: Henriette Willebeer Le Mair
Editora: Odysseus https://odysseuslojas.com.br/
Um pouquinho sobre o livro:
“Estes contos foram extraídos das famosas lendas referentes às vidas anteriores de Buda. Amados igualmente por crianças e adultos, tais contos falam de pessoas e animais impelidos a cometer atos de sacrifício, pelo nobre exemplo de seus companheiros. O tom da narrativa nos sugere Esopo, bem como as lições transmitidas tão sutil e perspicazmente.
Apresentados de forma simplificada, os contos mantêm a beleza mágica e eterna da sua terra de origem, o Extremo Oriente. São ideias para serem lidos para crianças, pois contam aventuras dramáticas resolvidas por meios não-violentos, valorizando a compaixão. Diferentes desafios trazem à tona a coragem e a capacidade de amar, abrindo caminho para solucionar dificuldades aparentemente intransponíveis”.
Até amanhã, com outra história com FADAS!
Adorei a história…
Que bom que gostou, Alci! Espero que consiga contá-la por aí… Bjos
Estou iniciando essa aventura de contar historia , sou estudante de pedagogia .
Muito obrigada por compartilhar sua experiência.
Olá, Vânia! Que maravilha saber que você será mais uma contadora de histórias com habilidades pedagógicas! Bem-vinda ao Educar com Histórias! Sinta-se em casa! Beijo
Um conto onde o faz de conta extrapola limites para nos mostrar tamanha a compaixão pelo outro e como de forma surreal, fantástica isso e recompensado.
Olá, Marlene! É um conto delicado, com muita bondade no ar… A primeira vez que eu li, fiquei esperando que o chacal ou mesmo o macaco fossem vacilar e comer a comida que encontraram. Mas é bonito encontrar uma história em que todos são bons. E a lebre ainda consegue se elevar nas qualidades que nos inspiram, enquanto seres humanos. Bom saber que gostou. Bjo
Estou encantada de ouvir suas histórias e suas estratégias para contar as histórias. Sou apaixonada por recursos para contar histórias.
Olá, Magali!
Maravilha saber que o encantamento chegou até você! Seguimos contando histórias, né? Bjos
Boa noite Ana. Que história linda, fiquei emocionada!
Descobri seu nanal no Youtube e adorei. Sou professora do Ensino Fundamental, este ano estou trabalhando com 4º ano e vou utilizar essas histórias em sala de aula. Vou ler na hora da leitura deleite.
Deus te abençoe sempre.
Olá, Noemia!
Trabalhar com 4o ano é uma delícia! Bom saber que seus alunos ouvirão boas histórias! Bjos