A história “Dim, Dam e Dom”, que eu trouxe para o Dia das Mães é aquele tipo de ‘história multi-uso’: dá para ser contada em diferentes contextos, momentos e com diferentes propósitos. Ela contém muitos ensinamentos e é gostosa de ouvir.

Ela também incentiva a criança a buscar ser quem ela é, com suas particularidades. Cada um é único!

E as diferenças de temperamento, religião, raça, classe social ou qualquer outra caracterização particular passam a ser respeitadas quando todos têm a possibilidade de ser quem realmente são.

Reconhecendo e valorizando as diferenças, incentivamos o respeito, a tolerância, a compaixão, o altruísmo.

E uma história faz com que a criança internalize esses princípios e não fique a penas repetindo o discurso dos adultos. A história torna-se vivência no âmbito das emoções e dos pensamentos e temos, assim, a união do pensar e do sentir.

Essa narrativa eu conheci no livro “Trois gouttes d’eau”, de Max Bollinger, Ed. Bilboquet. Traduzi para você, com carinho.

Deixo o link do vídeo, para você ver como a história traduzida ficou ao ser contada:

https://www.youtube.com/watch?v=kqz9MHx9-N0

 

“Três gotas de água” ou “Dim, Dam e Dom”

 

Uma mamãe lebre deu à luz três lebrezinhas que se pareciam muito, como três gotas de água. Elas os chamou de Dim, Dam e Dom.

Às vezes, ela chegava a se confundir! E ela ficava brava com Dim, quando era Dam ou Dom que tinham se afastado muito de sua toca. Quanto mais eles cresciam, mais eles gostavam de pregar peças nos outros animais.

Um dia, Dim encontrou um pequeno esquilo. Ele estava tão contente que disse a ele: Eu me chamo Dim. Você quer ser meu amigo?

– Como eu posso ser seu amigo? Eu nunca saberei se você é o Dim, Dam ou o Dom! respondeu o esquilo.

Dam, por sua vez, encontrou um pequeno porco-espinho. Ele estava tão contente que disse a ele: – “Eu me chamo Dam. Você quer ser meu amigo?”

–  Como eu posso ser seu amigo? Eu nunca saberei se você é o Dam, Dom ou o Dim! respondeu o porco-espinho.

 

Quanto ao Dom, ele encontrou uma pequena raposa. Ele estava tão contente que disse a ela: – “Eu me chamo Dom. Você quer ser minha amiga?”

–  Como eu posso ser sua amiga? Eu nunca saberei se você é o Dom, Dim ou o Dam! Respondeu a raposa.

Depois daquele dia, Dim, Dam e Dom não saíam mais de casa.

“Por que eles parecem tão tristes?” perguntou-se a mamãe lebre.

“Isso não pode mais continuar assim!”

 

Numa bela manhã, elas os colocou para fora da toca, dizendo:

– “Vão aproveitar essa bela manhã!”

(E eles saíram correndo)

 

Dispersando as nuvens, o sol apareceu por trás de uma montanha. E Dim gritou:

– Oh! Eu adoraria tanto ver o sol se levantar!

-Eu, eu gostaria de vê-lo quando ele está bem alto lá no céu, exclamou Dam.

– E eu, eu gostaria de vê-lo se deitar, disse Dom.

“Então, nós devemos nos separar!” disseram os três, um pouco amedrontados.

E Dim partiu para o Leste, Dam para o Sul e Dom para o Oeste.

 

Em seu caminho, Dim notou que havia uma plantação de cenouras. Ele nunca tinha visto uma plantação assim tão grande! E ele resolver ir até lá para petiscar.

Foi uma verdadeira festa!

 

Saindo da floresta, Dam encontrou algumas lebres que participavam de uma corrida. Dam correu o mais rápido que pôde… E foi o primeiro a cruzar a linha de chegada!

 

Dom caminhou por todo o dia, até chegar a algo que se parecia com um lago. Pela primeira vez, ele viu o sol se pondo, desaparecendo lentamente na água. Esse espetáculo magnífico o deixou ao mesmo tempo triste e contente.

A lua já brilhava no céu quando Dim, Dam e Dom voltaram para casa. A mamãe lebre ficou muito contente por vê-los voltar.

– Olhe-me! Disse Dim rindo e mostrando sua barriga, coberta de grama e de folhas de cenoura. Eu me regalei!

– E eu! Ostentou-se Dam, dobrando e mostrando os músculos. Eu ganhei uma corrida!

– E eu, murmurou Dom, ainda maravilhado com a magia do sol se pondo, eu descobri a luz do sol sobre a água, as nuvens e o céu!

 

– Vocês são tão diferente… disse a mamãe. A partir de hoje, eu creio que nunca mais confundirei vocês. E eu os chamarei pelos seus primeiros nomes! exclamou a mamãe.

 

Pouco tempo depois, um esquilo tornou-se amigo de Dim, o gourmand; um porco-espinho se tornou amigo de Dam, o campeão e uma raposa, amiga de Dom, o sonhador.

A todos, a mamãe dizia: “cada um de vocês é único. E eu amo muito, muito os três!”

 

Do alto de uma árvore, uma passarinha, chapim-real, admirava a bela família de lebres. Ela chocava seus ovos há 15 dias, quando ela sentiu algo se mexendo: seus três filhotinhos tentavam impacientemente sair de suas cascas, para partirem à descoberta do mundo, cada um pelo seu próprio caminho…

 

 

6 thoughts on “Dim, Dam e Dom – uma história sobre irmãos e suas diferenças

    1. Olá, Fábia!Também tenho um carinho especial por essa história! Quando a encontrei, soube na hora que tinha que traduzi-la para o português, para que mais pessoas a conhecessem. Fico feliz de saber que ela tocou o seu coração! Abraços

    1. Oi, Gil! Essa história tão simples toca o meu coração. E vejo que toca o seu também! Abraços

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