Imagem: Pixabay
Italo Calvino recebeu uma tarefa de seus editores: selecionar contos folclóricos italianos que se colocassem ao lado das grandes antologias do folclore mundial. O problema era quais textos escolher. “Haveria um equivalente italiano dos Irmãos Grimm”? Assim, Calvino mergulhou nas pesquisas do folclore italiano.
O autor coletou 200 histórias e hoje eu compartilho a de número 118. Traduzi do livro em inglês.
Espero que goste dessa história tão bonita.
O peixe luminoso
(Conto italiano)
Há muito tempo, havia um homem velho cujos filhos tinham morrido e ele não tinha a menor ideia de como ele e sua esposa iriam sobreviver, pois ela era também idosa e doente. Todos os dias, ele ia à floresta para recolher lenha e vender um punhado para comprar pão para manter corpo e alma juntos.
Um dia, enquanto caminhava resmungando em direção à floresta, encontrou um homem de longas barbas, que lhe disse:
– “Conheço todos os seus problemas e quero ajudá-lo”.
Deu ao velho uma pequena bolsa de couro e quando este olhou dentro dela, desmaiou de espanto: a bolsa estava cheia de ouro! Quando voltou a si, o estranho havia desaparecido. Então o velho jogou a lenha fora e correu para casa. No caminho, começou a pensar: ‘se eu contar à minha esposa sobre esse dinheiro, ela vai gastá-lo todo’.
Quando chegou em casa, não mencionou nada à esposa. Em vez disso, escondeu o dinheiro sob um monte de estrume.
No dia seguinte, ao acordar, o velho viu que a esposa havia preparado um esplêndido desjejum, com pão e chouriço.
– “Onde você arrumou dinheiro para tudo isso?” – perguntou à esposa.
– “Ontem você não trouxe lenha para vender” – ela disse – “de forma que vendi o estrume para o fazendeiro lá de baixo”.
O velho fugiu gritando desolado. Então, tristemente, foi trabalhar na floresta, suspirando.
No fundo da mata, encontrou novamente o estranho. O homem das longas barbas riu.
– “Eu sei da sua má sorte. Acalme-se. Ainda quero ajudá-lo”.
Então deu ao velho outra bolsa de cheia de ouro. O velho correu para casa, mas no caminho de novo começou a pensar: ‘se eu contar a minha esposa, ela vai esbanjar esta fortuna…’
E ele, então, escondeu o dinheiro na lareira, sob as cinzas.
No dia seguinte, ao acordar, viu que sua esposa havia preparado outro delicioso desjejum.
– “Como você não trouxe lenha, eu vendi as cinzas para o fazendeiro lá de cima”.
O velho correu para a floresta, arrancando os cabelos de desespero. No fundo da floresta, encontrou o estranho pela terceira vez. O homem de longas barbas sorriu tristemente.
– “Parece que você não está destinado a ser rico, meu amigo” – disse o estranho – “mas ainda quero ajudá-lo. Desta vez, não te darei nenhum dinheiro. Pegue estas duas dúzias de rãs e vá vendê-las na aldeia. Então use o dinheiro para comprar o maior peixe que encontrar, mas nada de peixe seco, moluscos, chouriço, bolos ou pão. Apenas o maior peixe!”
Dizendo isso, desapareceu.
O velho correu à aldeia e vendeu as rãs. Com o dinheiro na mão, viu coisas estupendas que poderia comprar no mercado e achou peculiar o conselho do estranho. Apesar disso, decidiu seguir as instruções à risca e comprou o maior peixe que encontrou.
À noite, percebeu que o peixe brilhava; irradiava uma luz intensa que iluminava tudo ao redor. Ao segurá-lo, era como se tivesse uma lanterna nas mãos. Ele pendurou o peixe em sua janela, para mantê-lo fresco durante a noite.
Naquela noite caiu uma forte tempestade. Os pescadores não conseguiam encontrar seu caminho de volta, com tanta escuridão. Assim que chegaram à terra firme, bateram à porta do velho:
– “Obrigado por salvar nossas vidas!” – disseram ao velho.
– “Do que estão falando?” – ele perguntou. Então os pescadores contaram que haviam sido surpreendidos no mar pela tempestade e não sabiam para que lado remar, até que o velho acendeu uma luz para eles.
Então o velho entendeu que o seu peixe, pendurado na janela, brilhando com uma luz tão forte, podia ser visto de muito longe.
Desse dia em diante, o velho, todas as noites, pendurava o peixe para trazer os jovens pescadores de volta e eles dividiam o produto de sua pescaria com ele. E assim, o velho e sua esposa viveram sem privações e dificuldades.
(Ítalo Calvino. Shining fish, em Italian Folk Tales selected and retold by Italo Calvino, 1980)
Espero que tenha gostado desse conto cheio de imagens e símbolos!
Abraços fraternos
Querida ana Flávia!!! Linda luz
Esse conto é lindo, não? Luminoso! Abraços
Obrigada este conto é lindooo
Também acho, Sheila! Não poderia de deixar de compartilhar com vocês! Bjos
Muito obrigada !Ana flavia por compartilhar tantas historias maravilhosas!
Que bom que gosta das histórias que compartilho! Seleciono a dedo! Bjos
Que conto maravilhoso!! Abraços!
Lindo, não? Espero que consiga compartilhá-lo por aí! Bjos
Ana, gratidão por compartilhar um cinto tão lindo! Iluminou tudo por aqui!
Ah, que bom que o conto iluminou por aí! Por aqui, também! Bjos
Conto*
Lindo conto. Muito obrigada por compartilhar.
Olá, Joice! Que bom que gostou desse conto! Espero que ele tenha aquecido o seu coração. Abraços
Adorei, esse conto nos ensina a compartilhar a nossa luz. Muito lindo
VÉ realmente um conto lindo, né, Alzira? Vamos espalhar a nossa luz, cada um a sua maneira! Bjos
Ana, demorei para conhecê-la, mas… finalmente! Quem sabe eu não estava preparada?Obrigada por compartilhar esse universo tão bonito como são as histórias!
Olá, Clarisse! Tudo acontece na hora certa, né? Fico realmente feliz por você ter chegado até aqui. Espero que desfrute e aproveite cada detalhe. Um forte abraço!
Que lindo conto eu não conhecia adorei
Obrigada pela linda história!
Ana Flávia, sou apaixonada pelo seu trabalho! Você é muito especial.
Obrigada, Ana Flávia pelo presente!
É um prazer, Débora!